30/01/24 - 14:28 | Atualizado em 01/02/24 - 21:32
Carlos Bolsonaro presta depoimento à PF no Rio, parte da Operação Vigilância Aproximada sobre suspeitas de uso indevido da Abin. O vereador, filho do ex-presidente, chegou por volta das 10h e não fez declarações à imprensa.
RIO DE JANEIRO, RJ – Terça-Feira, 30 de Janeiro de 2024. O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, compareceu à Superintendência Regional da Polícia Federal (PF) para prestar depoimento. A ação integra a Operação Vigilância Aproximada, que investiga a alegada utilização indevida da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar ilegalmente autoridades e adversários políticos.
O depoimento de Carlos Bolsonaro está supostamente relacionado a uma postagem feita por ele em 2023, conforme divulgado em suas redes sociais. O vereador é suspeito de utilizar assessores para solicitar informações de forma ilegal à Abin, levantando questões sobre a suposta instrumentalização da agência.
A Polícia Federal realizou, na segunda-feira (29), mandados de busca e apreensão em endereços vinculados a Carlos Bolsonaro e a outros investigados. A Superintendência da PF, situada na zona portuária do Rio de Janeiro, foi palco da chegada do vereador por volta das 10h. Contudo, Carlos Bolsonaro optou por não fazer declarações à imprensa.
A operação é uma resposta às declarações do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que sugeriu que o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem (PL-RJ), teria utilizado a agência para realizar espionagem ilegal em favor da família Bolsonaro. Entre as supostas vítimas estariam a ex-deputada federal Joice Hasselmann, o ministro da Educação Camilo Santana (PT) e o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia.
Carlos Bolsonaro presta depoimento: suposto recebimento de materiais ilegais
A PF suspeita que Carlos Bolsonaro tenha recebido materiais obtidos ilegalmente pela Abin.
Durante a operação, um suposto computador da Abin foi apreendido em posse do vereador, indicando possível recebimento de informações coletadas de maneira ilícita. As investigações se estenderam a assessores ligados a Carlos Bolsonaro, incluindo a descoberta de outro suposto computador da agência na residência de um assessor casado com uma funcionária da Abin.
A PF busca esclarecer a conexão entre o vereador e as atividades ilegais da agência, levantando suspeitas de que assessores solicitavam informações a Ramagem. Carlos Bolsonaro, vereador desde 2001 e atualmente em seu sexto mandato consecutivo, foi apontado por Mauro Cid, ex-braço-direito de Jair Bolsonaro, como chefe do chamado “gabinete do ódio”, utilizado para atacar adversários e instituições, incluindo o sistema eleitoral brasileiro.
Além de Carlos Bolsonaro, a PF investiga outros alvos, como Luciana Paula Garcia da Silva Almeida, assessora do vereador, e Priscila Pereira e Silva, assessora de Ramagem na Câmara dos Deputados. A investigação apura um suposto monitoramento ilegal de cidadãos pela Abin, com destaque para o uso do software “First Mile” para geolocalização. Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin e atual deputado federal, teve seus dispositivos eletrônicos apreendidos na última quinta-feira, incluindo 6 celulares e 2 notebooks.
A PF, na continuação da operação “Vigilância Aproximada”, encontrou dispositivos eletrônicos na residência do assessor de Ramagem, Giancarlo Gomes Rodrigues. A ação visa o “núcleo político” de Ramagem, incluindo aliados da época da Abin e seu atual mandato como deputado federal.
Possível ligação de Carlos Bolsonaro com atividades ilegais da Abin
A suspeita recai sobre assessores de Carlos Bolsonaro que supostamente solicitavam informações a Ramagem, configurando uma possível conexão entre o vereador e as atividades ilegais da agência.
A operação desta segunda-feira busca esclarecer o suposto uso indevido de sistemas da Abin durante o governo Bolsonaro, com foco no “núcleo político” liderado por Ramagem.
Carlos Bolsonaro, em uma postagem feita em sua rede social X (antigo Twitter), afirmou que o motivo de seu depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira está relacionado a uma publicação feita por ele no ano de 2023.
Atualizando: indo depor por causa disso aqui. Qualquer outra linha de desinformação diferente disso é mais uma FAKENEWS! Tire suas conclusões! Um abraço! pic.twitter.com/Mn4BISSHkv
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) January 30, 2024
A PF busca esclarecer se essa postagem tem alguma conexão com as ações investigativas relacionadas ao suposto uso indevido da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitoramento ilegal de autoridades e adversários políticos.
A PF suspeita que o vereador teria recebido materiais obtidos ilegalmente pela Abin paralela. A investigação destaca o período em que Alexandre Ramagem estava à frente da agência, indicando possíveis ações ilegais da Abin durante o governo Bolsonaro.
A Polícia Federal segue esclarecendo as alegações de abusos por parte da Abin ao monitorar ilegalmente autoridades e indivíduos envolvidos em investigações. As suspeitas recaem sobre o período em que Ramagem estava à frente da agência, indicando possíveis ações ilegais da Abin durante o governo Bolsonaro.
Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e suas funções
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), criada em 1999 durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, faz parte do Sistema Brasileiro de Inteligência.
Sua missão é fornecer subsídios ao Presidente da República em assuntos de interesse nacional, abrangendo diversas atividades de inteligência no país.
A legislação considera como atividades de inteligência aquelas voltadas para a “obtenção, análise e disseminação do conhecimento”, dentro e fora do país, “sobre fatos e situações” que podem influenciar processos decisórios e ações governamentais, além da segurança e da sociedade do Estado. A Abin é responsável por planejar e executar ações, incluindo as sigilosas, para obtenção de dados destinados a assessorar o Presidente da República, além de realizar estudos e pesquisas para o exercício e desenvolvimento de atividades de inteligência.
Na prática, a Abin, ao contrário de sistemas de inteligência de outros países, é responsável por ações de inteligência internas e externas. Ações de contrainteligência também são de responsabilidade da agência, como defender o Estado de espionagem, sabotagem e vazamento de informações.
As investigações da Polícia Federal apontam possíveis abusos por parte da Abin ao monitorar ilegalmente autoridades e indivíduos envolvidos em investigações. Há suspeitas de que a agência, durante o mandato de Jair Bolsonaro, atuou ilegalmente na coleta de informações sem autorização judicial e na disseminação de informações falsas. A busca resultou na apreensão de um suposto computador da Abin em posse de Carlos Bolsonaro, indicando possível recebimento de informações coletadas ilegalmente.
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