14/02/24 - 20:18 | Atualizado em 14/02/24 - 22:53
Os recentes conflitos globais desencadearam uma corrida armamentista tecnológica, com países buscando desenvolver e adquirir armas avançadas em resposta às crescentes tensões e ameaças à segurança internacional.
Ocenário global de segurança em deterioração tem levado os governos a reavaliar as prioridades de defesa, os gastos e os planos de equipamento. Conflitos recentes, incluindo a guerra entre Hamas e Israel e a agressão da Rússia na Ucrânia, destacam a urgência dos esforços de modernização para equilibrar as capacidades tradicionais com as tecnologias emergentes.
As significativas perdas de tanques de batalha principais pela Rússia durante seu conflito com a Ucrânia levantam preocupações sobre suas capacidades de defesa. Apesar dessas perdas, Moscou conseguiu reabastecer seu inventário retirando tanques mais antigos do armazenamento, embora com padrões técnicos mais baixos. Essa estratégia sugere o potencial para perdas sustentadas e rearmamento nos próximos anos.
Enquanto isso, a Ucrânia também sofreu pesadas perdas, mas se beneficiou do apoio ocidental para manter seu inventário e aprimorar a qualidade do equipamento. O conflito incentivou os países europeus a aumentar os gastos com defesa, fortalecendo a OTAN e aprimorando a resiliência regional.
No entanto, os aumentos nos gastos com defesa na Europa enfrentam desafios como inflação e infraestrutura desatualizada. Além disso, os conflitos destacaram a necessidade de veículos marítimos e aéreos não tripulados, impulsionando acordos de exportação para tais sistemas.
Os esforços de modernização militar da China, incluindo avanços em mísseis hipersônicos e capacidades navais, representam desafios adicionais. O foco do país em guerra cibernética e inteligência artificial destaca a natureza em evolução do conflito moderno.
Corrida armamentista tecnológica: era da insegurança está gerando conflitos globais
Conflitos entre Israel e Hamas, ameaças de mísseis Houthi, tensões no Indo-Pacífico e Ártico, e instabilidade na África Subsaariana marcam uma era de insegurança global.
A era da insegurança global se estabelece com a intensificação dos conflitos entre Israel e o Hamas, o ressurgimento das ameaças dos mísseis Houthi e as tensões crescentes no Indo-Pacífico e no Ártico, além da turbulência na África Subsaariana. Esses eventos, juntamente com a prolongada guerra entre Rússia e Ucrânia, geram um ambiente de segurança altamente volátil.
A tendência atual aponta para uma década potencialmente mais perigosa, marcada pela aplicação de poder militar para afirmar reivindicações territoriais e pela busca de laços de defesa mais estreitos entre democracias alinhadas. Ao mesmo tempo, os governos enfrentam o desafio de equilibrar a modernização militar com a reconstrução da capacidade de produção de munições em escala industrial, enquanto a falta de interesse no controle de armas é evidenciada pela ausência do Tratado das Forças Convencionais na Europa.
As ações militares da Rússia geram preocupações globais, particularmente no Indo-Pacífico, onde nações como Japão, Coreia do Sul e Filipinas buscam fortalecer seus laços de defesa em resposta à assertividade chinesa. Enquanto a China expande suas atividades diplomáticas e militares, incluindo a modernização de suas forças armadas, confrontos como o ataque do Hamas a Israel e a subsequente resposta israelense exacerbam a instabilidade regional e interrompem esforços de reconciliação.
Além disso, a África testemunha golpes de estado e instabilidade política, enquanto a Rússia enfrenta desafios internos e reavalia seus planos de equipamento militar. O aumento nos gastos com defesa é observado em todo o mundo, acompanhado pelo reconhecimento da necessidade de reabastecimento de munições e desenvolvimento de capacidades de defesa aérea e antimísseis.
À medida que os países se adaptam a esse ambiente incerto, a busca por UAVs e parcerias estratégicas se intensifica, refletindo a necessidade de inovação e cooperação internacional em matéria de segurança.
Moscou e Kiev ajustam estratégias com Ucrânia lançando ataques de UAV
A guerra entre Rússia e Ucrânia continua a revelar lições importantes sobre estratégias militares contemporâneas.
Com a ofensiva russa estagnada, ambos os lados recorrem a táticas tradicionais, como a guerra de trincheiras, ressaltando a importância de minas e fortificações na defesa contra a contra-ofensiva ucraniana, apoiada por armamentos ocidentais. Essa dinâmica tem levado algumas forças armadas ocidentais a reavaliar seus programas de treinamento para incluir a superação de obstáculos complexos, como trincheiras.
Enquanto isso, tanto Moscou quanto Kiev ajustam suas estratégias. A Ucrânia começou a realizar ataques com UAVs de longo alcance contra Moscou, utilizando projetos domésticos para retaliar. Por sua vez, Moscou adaptou suas operações aéreas para evitar os sistemas de defesa ucranianos e combinou UAVs e ataques de mísseis para sobrecarregar essas defesas.
Apesar dos avanços ucranianos, recuperando mais da metade do território perdido para a Rússia em 2022, a contra-ofensiva de Kiev expõe as falhas nas expectativas de rápida conclusão de conflitos. Esse cenário serve como lembrete de que as guerras são geralmente prolongadas e desafiadoras.
No teatro de operações ucraniano, ambos os lados continuam a gastar armamentos em ritmo elevado, adaptando suas estratégias conforme necessário. Enquanto Moscou busca equilibrar o uso de mísseis e UAVs com a capacidade de reabastecer seus estoques, a Ucrânia ajusta suas operações de defesa aérea para enfrentar as ameaças russas.
Esses desenvolvimentos têm influenciado o pensamento militar global, destacando a importância de recursos como artilharia, munições e sistemas anti-UAV. O interesse em veículos marítimos não tripulados também cresce, especialmente na vigilância de infraestruturas críticas.
A agressão russa reacendeu o vigor da OTAN, levando à adesão rápida da Finlândia à Aliança em 2023 e ampliando a fronteira da OTAN com a Rússia. Nações como Alemanha e Canadá comprometem-se a reforçar sua presença nos Estados Bálticos, enquanto Turquia encaminha o pedido de adesão da Suécia. No entanto, divergências surgem durante a Cimeira de Vilnius, evidenciando as diferentes perspectivas sobre a adesão da Ucrânia à OTAN.
Apesar das discordâncias, a OTAN busca reforçar sua postura defensiva, estabelecendo planos regionais ambiciosos para aprimorar a prontidão das forças e dissuadir possíveis agressões.
Governos ao redor do mundo estão reavaliando suas políticas e estratégias de defesa diante do novo panorama de segurança. Países como Austrália, Finlândia, Alemanha, Noruega e Reino Unido emitiram novos documentos estratégicos, destacando a Rússia como uma ameaça significativa e sinalizando uma postura cautelosa em relação à China. Esses esforços visam fortalecer parcerias e garantir a segurança regional em meio às crescentes incertezas geopolíticas.
Tensões de segurança na Ásia aumentam com eventos significativos
Coreia do Norte prossegue com lançamentos de mísseis, China expande arsenal nuclear, Pequim intensifica presença no Mar do Sul da China.
No cenário asiático, as tensões de segurança continuam a aumentar, com eventos significativos moldando a dinâmica regional. A Coreia do Norte, por exemplo, prossegue com sua série de lançamentos de mísseis, incluindo testes de um míssil balístico intercontinental de combustível sólido, o Hwasong-18.
Enquanto isso, a Coreia do Sul considerou brevemente a possibilidade de desenvolver seu próprio programa nuclear, e a China expande seu arsenal nuclear. Além disso, Pequim intensifica sua presença no Mar do Sul da China, gerando tensões com as Filipinas devido a disputas territoriais. O Japão, por sua vez, propõe um aumento significativo nos gastos militares em seu novo Livro Branco de Defesa.
Os países ocidentais, mesmo diante da crise na Ucrânia, mantêm um olhar atento sobre seus interesses estratégicos na Ásia, especialmente no contexto do comércio. O Reino Unido, por exemplo, reafirma sua presença no Indo-Pacífico, planejando implantar um grupo de combate de porta-aviões na região e contribuir com submarinos de ataque para a Austrália por meio da parceria AUKUS. O Canadá também planeja aumentar sua presença naval na região, enquanto a Alemanha projeta enviar navios militares para o Indo-Pacífico em 2024.
Os Estados Unidos, por sua vez, intensificam seus esforços para fortalecer laços regionais e conter a crescente assertividade da política externa chinesa. O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, visita Papua Nova Guiné em uma demonstração de apoio regional, enquanto Washington busca fortalecer relações com Índia, Filipinas e outros países. Além disso, os EUA se comprometem a fornecer submarinos de ataque à Austrália e abrem canais de financiamento militar para Taiwan.
Diversos países da região buscam estabelecer parcerias para melhorar sua segurança. Japão e Austrália, por exemplo, colaboram em questões de defesa, enquanto Coreia do Sul e Japão buscam reparar suas relações mediadas pelos Estados Unidos.
Leia mais em The Military Balance 2024.
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