16/02/24 - 20:10 | Atualizado em 16/02/24 - 20:10
Fugitivos de Mossoró, foragidos do presídio de segurança máxima, têm seus nomes e imagens adicionados à lista da Interpol. Brasil formaliza pedido após a fuga, buscando cooperação internacional para a captura dos criminosos.
MOSSORÓ, RIO GRANDE DO NORTE – Agentes de segurança, helicópteros e drones são empregados nas operações de busca pelos fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN). As ações, agora no terceiro dia, concentram-se em uma ampla mobilização envolvendo mais de 300 agentes. Dentre eles estão destacados 100 agentes da Polícia Federal, outros 100 da Polícia Rodoviária Federal, além de 100 agentes das forças policiais locais, entre civis e militares.
O suporte aéreo é fornecido por três helicópteros, um da Polícia Rodoviária Federal, um da Polícia Federal e outro da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Norte, além do emprego de drones equipados com tecnologia térmica e cães farejadores.
Na manhã desta sexta-feira (16), uma equipe de elite da Polícia Federal chegou ao Aeroporto de Aracati, no Ceará, para reforçar as operações de fiscalização e busca na divisa entre os estados do Ceará e do Rio Grande do Norte. O contingente enviado inclui 25 integrantes do Comando de Operações Táticas da PF e 7 policiais do Grupo de Resposta Rápida da PRF.
As investigações apontam para pistas concretas, como o registro de uma invasão a uma residência localizada a 7 km do presídio, ocorrida entre 18h e 21h de quarta-feira. Os invasores subtraíram roupas, calçados e outros itens pessoais. Na madrugada desta sexta-feira, foram encontradas roupas e pegadas na zona rural de Mossoró, sendo confirmado pelo morador da casa invadida que uma colcha encontrada na mata pertencia a ele.
Além disso, a força-tarefa de busca localizou uma camiseta de uniforme de presidiário na Zona Rural de Mossoró e recolheu material biológico em uma propriedade onde os fugitivos teriam furtado roupas e objetos.
Ministério da Justiça mantém operação para recaptura de fugitivos em Mossoró
Declarações do ministro Ricardo Lewandowski e do Secretário Nacional de Políticas Penais reforçam compromisso com a segurança pública.
Em declaração na tarde de quinta-feira (15), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, expressou a convicção de que os fugitivos permanecem próximos ao presídio, possivelmente dentro de um perímetro de até 15 km até o centro da cidade de Mossoró. Ele mencionou que as câmeras de vigilância não identificaram nenhum veículo buscando os fugitivos após sua fuga e destacou as medidas adicionais adotadas para impedir sua fuga, incluindo a inclusão dos nomes dos fugitivos em sistemas de alerta internacionais e o reforço na atuação da Polícia Rodoviária Federal nas rodovias e divisas próximas a Mossoró.
O Secretário Nacional de Políticas Penais, André de Albuquerque Garcia, encontra-se em Mossoró coordenando as operações na Delegacia da Polícia Federal. Ele reforçou o compromisso com a recaptura dos fugitivos, ressaltando que as buscas prosseguem ininterruptamente.
O caso marca a primeira fuga registrada em um presídio de segurança máxima do sistema penitenciário federal desde a sua criação em 2006, sendo o presídio de Mossoró o terceiro a ser inaugurado pela União, em 2009.
Os fugitivos, oriundos do Acre, estavam detidos na Penitenciária de Mossoró desde setembro de 2023, após participarem de uma rebelião no presídio de segurança máxima Antônio Amaro, em Rio Branco, onde cinco detentos perderam a vida. Ligados ao Comando Vermelho, facção liderada por Fernandinho Beira-Mar, os fugitivos possuem extensos registros criminais. Rogério da Silva Mendonça, por exemplo, acumula mais de 50 processos e uma pena de 74 anos de prisão, enquanto Deibson Cabral Nascimento responde por mais de 30 processos e possui uma pena de 81 anos de prisão.
O Ministério da Justiça instaurou processos administrativos e inquéritos policiais para apurar possíveis responsabilidades pela fuga, destacando falhas na segurança do presídio, incluindo a falta de funcionamento de câmeras de segurança e o armazenamento inadequado de ferramentas de construção utilizadas pelos detentos.
Falhas de segurança na penitenciária de Mossoró reveladas após fuga de detentos
Direção alertada sobre câmeras inadequadas: investigação detalha problemas e necessidade de modernização tecnológica.
As deficiências no sistema de segurança da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, foram expostas após a fuga de dois detentos, gerando uma situação inédita nos presídios federais. Informações revelam que a direção do estabelecimento já havia sido alertada sobre a baixa qualidade das câmeras de vigilância, o que culminou no afastamento da administração e na intervenção na unidade prisional.
De acordo com fontes ligadas à investigação, parte das câmeras de segurança do presídio não estava operacional no momento da fuga de Rogério da Silva Mendonça, de 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, de 33 anos. A problemática em torno do circuito de câmeras foi identificada no ano anterior, alcançando uma gravidade tal que resultou na devolução de equipamentos. As câmeras fornecidas apresentavam um padrão inferior ao estipulado pelo poder público, exigindo a substituição pelo modelo correto, vencedor da licitação.
Apesar da troca efetuada, peritos que conduziram a inspeção apontaram que as câmeras não atingiam os padrões necessários de desempenho e eficiência para uma penitenciária de segurança máxima. Tais dispositivos não se qualificavam como modernos nem eficazes o suficiente para garantir uma vigilância contínua e sem falhas.
A investigação em curso busca esclarecer o porquê do mau funcionamento das câmeras durante a fuga. Questões como o registro das falhas, a quem foram comunicadas e por que não foram tomadas providências estão sendo minuciosamente examinadas. O circuito interno de vigilância de uma instituição prisional figura como uma das formas mais básicas de controle e investigação, levantando questionamentos sobre a eficácia do sistema de segurança em vigor.
Além das deficiências nas câmeras, fontes envolvidas na investigação ressaltam a obsolescência de diversos outros sistemas, como alarmes, sensores de movimento e calor. A necessidade de modernizar não apenas as câmeras, mas todo o aparato tecnológico da penitenciária é enfatizada, destacando a urgência de atualização para garantir a segurança efetiva do estabelecimento prisional.
Um dos investigadores comparou a situação com o uso de um celular antiquado, questionando se tal dispositivo atenderia às demandas atuais. Da mesma forma, ressaltou-se que a obsolescência dos sistemas de segurança na penitenciária de Mossoró compromete sua eficácia e eficiência.
Fugitivos de Mossoró na lista da Interpol
Após fuga de presídio, Brasil solicita inclusão de Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça na ‘difusão vermelha’ da Interpol.
Os nomes e imagens dos fugitivos do presídio de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, foram adicionados à lista de procurados pela Interpol, representando um avanço significativo na busca por esses criminosos em âmbito internacional. Deibson Cabral Nascimento, de 33 anos, e Rogério da Silva Mendonça, de 35 anos, agora integram a chamada “difusão vermelha”, destinada a criminosos procurados em escala global.
Após a fuga dos detentos na quarta-feira (14), o Brasil solicitou formalmente a inclusão dos mesmos na lista da Interpol, uma medida rotineiramente adotada quando criminosos perigosos conseguem escapar das autoridades nacionais. O Secretário Nacional de Políticas Penais, André de Albuquerque Garcia, confirmou essa ação em uma coletiva de imprensa realizada na quinta-feira (15), ressaltando que isso não implica necessariamente que os fugitivos tenham deixado o país.
Em uma entrevista concedida à jornalista Andréia Sadi, o vice-presidente da Interpol para as Américas, Vandecy Urquiza, esclareceu que a organização considera a possibilidade de que os foragidos tentem deixar o território nacional. Ele enfatizou que a inclusão na “difusão vermelha” possibilita que todos os países membros da Interpol tenham acesso imediato às informações pertinentes, ampliando as chances de localização e captura dos criminosos.
Urquiza destacou que, em casos como esse, é provável que os fugitivos busquem países com fronteiras terrestres com o Brasil. As informações compartilhadas com os 196 países membros incluem dados biométricos dos criminosos, possibilitando a identificação automática por parte das autoridades de imigração dos países integrantes da Interpol.
“A integração dos bancos de dados da Interpol com os sistemas nacionais de imigração e listas de passageiros fortalece os recursos disponíveis para as forças policiais rastrearem qualquer movimento dos fugitivos para fora do Brasil”, explicou Urquiza.
A inclusão dos nomes dos foragidos na lista da Interpol representa um importante passo na cooperação internacional para a recaptura desses criminosos, aumentando a vigilância e os esforços para garantir a segurança pública não apenas no Brasil, mas também em nível global.
Fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró deixam rastros
Novos indícios encontrados na Zona Rural de Mossoró apontam para a presença dos fugitivos na região.
A força-tarefa encarregada de localizar os dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, obteve novos indícios nesta sexta-feira (16) que podem auxiliar na captura dos detentos. Uma camiseta de uniforme de presidiário foi encontrada na Zona Rural de Mossoró, juntamente com outras peças de vestuário e pegadas que, segundo os investigadores, podem pertencer aos foragidos.
Os itens foram descobertos em uma residência localizada a aproximadamente 7 km do presídio, que foi alvo de furto na mesma noite em que ocorreu a fuga dos detentos, na quarta-feira (14). Um dos moradores da região confirmou aos investigadores que um dos objetos furtados da casa estava entre os itens recuperados.
A evidência desses itens próximos ao local da fuga fortalece a suspeita de que os fugitivos ainda estejam na área. A força-tarefa concentra agora seus esforços em um raio de 15 km ao redor do presídio, vasculhando minuciosamente a região onde os indícios foram encontrados.
A dinâmica da fuga revela um planejamento meticuloso por parte dos detentos. Antes de escaparem, Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça estavam em celas isoladas, porém contíguas, separadas apenas por uma parede. O buraco foi feito na região da luminária da cela, na parte superior da parede, indicando um trabalho cuidadoso para burlar a segurança.
Os dois homens têm ligação com o Comando Vermelho, facção criminosa liderada por Fernandinho Beira-Mar, também detido na mesma unidade federal. Os nomes dos fugitivos foram incluídos na lista da Interpol, ampliando a busca para além das fronteiras nacionais.
Agentes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e das forças policiais locais estão empenhados na operação de busca desde o momento da fuga. Até o momento, os fugitivos não foram localizados, mas os esforços continuam intensos.
Este episódio marca a primeira fuga registrada na história do sistema penitenciário federal, inaugurando um desafio inédito para as autoridades responsáveis pela segurança prisional. A coordenada ação dos fugitivos e a descoberta de novos indícios mantêm a expectativa de que a captura ocorra em breve.
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