21/03/24 - 06:51 | Atualizado em 21/03/24 - 06:51
A Taxa Selic, após o sexto corte consecutivo, atinge o menor patamar desde 2022, fixando-se em 10,75% ao ano. A decisão do Banco Central busca estimular investimentos e consumo, refletindo positivamente em setores como a construção civil e o varejo. Espera-se ainda uma migração de investimentos da renda fixa para a renda variável, impulsionando o mercado de ações.
O Banco Central do Brasil anunciou, nesta quarta-feira (21), mais uma redução na taxa básica de juros do país, conhecida como Selic, que agora atinge o patamar de 10,75% ao ano. Este é o sexto corte consecutivo desde agosto do ano passado, marcando o menor nível da Selic desde fevereiro de 2022. A decisão, que vem como resposta aos indicadores econômicos e à política monetária adotada pela instituição, busca estimular a atividade econômica e mitigar os impactos da atual conjuntura.
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O ciclo de cortes da Selic tem como objetivo principal tornar o crédito mais acessível, tanto para empresas quanto para famílias, com vistas a impulsionar o consumo e os investimentos. No entanto, como destaca Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, “o repasse dessas reduções para os consumidores finais geralmente apresenta um período de defasagem, que pode variar de três a seis meses”. Esta defasagem decorre da dinâmica do sistema financeiro e das relações entre bancos e clientes, onde as mudanças nas taxas de juros levam algum tempo para serem integralmente refletidas nos produtos financeiros oferecidos ao público.
Redução de juros impulsiona economia brasileira e setores-chave reagem
A queda nas taxas de juros, aliada a iniciativas de renegociação de dívidas, está melhorando o cenário de crédito e reduzindo a inadimplência.
A redução gradual das taxas de juros já se reflete em alguns indicadores econômicos. De acordo com dados compilados pelo Banco Central, as taxas totais de juros para empréstimos com recursos livres apresentaram uma redução significativa. Em janeiro deste ano, essas taxas situavam-se em 40,3% ao ano, enquanto em agosto, mês que marcou o início do ciclo de cortes da Selic, alcançavam 43,5% ao ano. Esta redução nas taxas de juros, aliada a iniciativas como o programa Desenrola Brasil, que promove a renegociação de dívidas, contribui para uma diminuição da inadimplência e uma melhora do cenário de crédito.
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Setores-chave da economia já começam a reagir positivamente às reduções da Selic. Na construção civil, incorporadoras já preveem um aumento de lançamentos para o ano corrente, enquanto no varejo, projeções indicam um crescimento das vendas. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o setor varejista pode registrar um crescimento de 1,6% em suas vendas este ano. Tais projeções refletem não apenas a melhora do cenário econômico, mas também o aumento da confiança dos consumidores e das empresas.
Redução da taxa Selic estimula migração de investimentos e promove crescimento
A redução da Selic está incentivando a migração de investimentos de renda fixa para renda variável.
O impacto da redução da Selic não se limita apenas ao mercado interno. Como explica Goldenstein, estrategista-chefe da Warren, “uma Selic mais baixa tende, ao longo do tempo, a estimular a migração de investimentos em renda fixa para a renda variável”. Este movimento é observado principalmente em um contexto de taxas de juros historicamente elevadas, onde investimentos mais seguros, como títulos do Tesouro Direto, apresentam maior atratividade. Com a redução da Selic, parte dos investidores passa a considerar opções de maior retorno, como o mercado de ações.
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Embora o ciclo de cortes da Selic sugira uma flexibilização da política monetária do Banco Central, especialistas ainda apontam para a manutenção de uma postura contracionista no curto prazo. Esta perspectiva está alinhada com a estimativa dos analistas, que projetam uma Selic em torno de 9% ao final deste ano. No entanto, ressalta-se que as decisões do Banco Central são influenciadas por uma série de variáveis, incluindo as expectativas de inflação e o comportamento do mercado de trabalho.
A redução da Selic representa um importante instrumento de política econômica, com o potencial de impulsionar o crescimento e a atividade econômica. No entanto, seus efeitos completos podem levar algum tempo para se materializar, requerendo cautela por parte das autoridades monetárias e atenção aos indicadores econômicos. Neste contexto, a continuidade do ciclo de cortes da Selic será acompanhada de perto, com o objetivo de promover a estabilidade e o desenvolvimento econômico do país.
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