25/03/24 - 09:48 | Atualizado em 25/03/24 - 09:51
A prisão dos suspeitos mandantes do assassinato de Marielle Franco marca um avanço significativo nas investigações. Os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, junto com o delegado Rivaldo Barbosa, foram detidos após a homologação da delação de Ronnie Lessa. A vereadora, conhecida por sua atuação contra as milícias e pela defesa dos direitos humanos, foi morta em 2018, no Rio de Janeiro.
A maioria da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) votou pela manutenção das prisões dos suspeitos apontados como mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco. Essa decisão foi tomada após o ministro Alexandre de Moraes determinar a prisão de Domingos Brazão, Chiquinho Brazão e Rivaldo Barbosa, no último domingo.
Os ministros Cármen Lúcia e Cristiano Zanin também apoiaram as prisões e outras medidas cautelares contra os investigados. Ainda estão pendentes os votos dos ministros Luiz Fux e Flávio Dino. Essas deliberações estão ocorrendo em plenário virtual e devem ser concluídas até às 23h59 desta segunda-feira, podendo o placar ser definido antes desse prazo.
Domingos Brazão, Chiquinho Brazão e Rivaldo Barbosa foram detidos no Rio de Janeiro e tiveram suas prisões mantidas após uma audiência de custódia. Posteriormente, foram transferidos para Brasília e encaminhados à penitenciária federal no Distrito Federal. Além das prisões, a decisão de Moraes também determinou o afastamento das funções públicas do delegado Giniton Lages e do comissário Marco Antônio de Barros Pinto, ambos atuantes na Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro na época do crime.
Marielle Franco: prisão dos suspeitos marca um avanço crucial nas investigações
Giniton Lages, indicado por Rivaldo Barbosa, é suspeito de ter acobertado o crime e avalizado o assassinato.
Giniton Lages, indicado por Rivaldo Barbosa, é suspeito de ter acobertado o crime e avalizado o assassinato. Rivaldo Barbosa, por sua vez, foi o chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro à época do atentado. Ele é apontado como tendo ajudado a planejar o crime e atrapalhado as investigações. A prisão dos suspeitos foi realizada após a homologação da delação de Ronnie Lessa, que está detido e é acusado de executar o crime.
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O assassinato de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes ocorreu em março de 2018, no Centro do Rio de Janeiro. Segundo as investigações, o crime foi perpetrado pelos ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz. Lessa é apontado como o autor dos disparos, enquanto Queiroz teria dirigido o veículo utilizado no atentado. Ambos foram presos quase um ano após o crime.
A Polícia Federal indica os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão como os mandantes do assassinato. Segundo as investigações, eles teriam contratado Lessa para realizar o homicídio e teriam contado com a colaboração do delegado Rivaldo Barbosa, que ajudou a planejar o crime e garantiu impunidade aos mandantes. As investigações apontam divergências políticas entre o clã Brazão e Marielle, além da atuação da vereadora contra a grilagem de terras em áreas de milícia na Zona Oeste do Rio de Janeiro, como possíveis motivações para o crime.
Elucidação do caso representa uma significativa conquista para o Estado
As investigações, iniciadas em 2018, enfrentaram uma série de desafios, como mudanças de equipe e tentativas de desviar o foco.
A elucidação do caso é considerada uma vitória do Estado brasileiro, segundo o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. As investigações revelam um esquema estrutural de corrupção na Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, sob a gestão de Rivaldo Barbosa, que mantinha acordos com grandes contraventores da cidade para encobrir a autoria e motivação de crimes violentos ligados à exploração de jogos ilegais.
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A investigação, que teve início em 2018, enfrentou diversos obstáculos ao longo dos anos, incluindo mudanças de equipes, interferências externas e tentativas de desviar o foco das investigações. A entrada da Polícia Federal no caso, em 2023, e as delações premiadas foram fundamentais para a progressão das investigações e a prisão dos suspeitos.
Atualmente, as prisões dos suspeitos são preventivas, sem prazo determinado para soltura. No entanto, Chiquinho Brazão, deputado federal, pode ter sua situação analisada pela Câmara dos Deputados, devido ao foro privilegiado. O processo envolve uma série de trâmites, incluindo a análise pelo Supremo Tribunal Federal e uma votação no plenário da Câmara. A data para essa sessão ainda será marcada.
Investigação da PF revelou detalhes cruciais sobre o assassinato de Marielle
As prisões dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, juntamente com o delegado Rivaldo Barbosa, ocorreram após a homologação da delação.
Investigação da PF Revela Detalhes Sobre o Assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes Após seis anos de investigações, a Polícia Federal realizou prisões importantes no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Neste domingo (24), os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, juntamente com o delegado Rivaldo Barbosa, foram detidos sob suspeita de envolvimento no crime que chocou o país.
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As prisões ocorreram após a homologação da delação de Ronnie Lessa, ex-policial militar que está preso e é acusado de executar o crime. Lessa apontou os irmãos Brazão como mandantes, enquanto Barbosa foi implicado por supostamente auxiliar no planejamento do assassinato e obstruir as investigações.
O episódio ocorreu em 14 de março de 2018, quando Marielle Franco e Anderson Gomes foram mortos a tiros no Centro do Rio de Janeiro. O crime, executado por Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, também resultou na morte do motorista e deixou a assessora Fernanda Chaves ferida.
Motivos por trás do assassinato parecem estar ligados a divergências políticas
A investigação revelou um complexo cenário de forças que por anos obscureceu a elucidação do caso.
Os motivos por trás do assassinato parecem estar ligados a divergências políticas entre os Brazão e Marielle, bem como à atuação da vereadora contra a grilagem de terras em áreas de milícia na Zona Oeste do Rio. A longa trajetória política dos irmãos Brazão, com influência em Jacarepaguá, região dominada por milícias, também é mencionada como possível razão para o crime.
A investigação revelou um intricado jogo de forças que impediu a elucidação do caso por anos. Intervenções externas, mudanças de equipe investigativa e falsas testemunhas contribuíram para dificultar o progresso das investigações. Somente em 2023 a Polícia Federal entrou no caso, trazendo à tona novas evidências e esclarecimentos.
A relação entre Rivaldo Barbosa e os principais milicianos e contraventores do Estado do Rio de Janeiro também é destacada no relatório da PF. Além disso, o papel desempenhado por Barbosa na desvirtuação das investigações é ressaltado, indicando uma possível estrutura de corrupção na Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro durante sua gestão.
Planejamento do atentado, iniciado pelos Brazão, visava garantir impunidade.
O paradeiro do carro e da arma utilizados no crime permanece desconhecido, destacando a complexidade do caso, que envolve políticos e agentes públicos.
O planejamento do atentado começou no segundo semestre de 2017, com os Brazão contratando Ronnie Lessa para realizar o assassinato, enquanto Barbosa garantia impunidade aos mandantes. O controle sobre a investigação, mantendo-a restrita ao RJ, era visto como uma forma de assegurar essa impunidade.
O destino do carro usado no crime e da arma do crime permanecem desconhecidos, apesar dos esforços das autoridades. O envolvimento de diversas pessoas, incluindo políticos e agentes públicos, evidencia a complexidade do caso e a necessidade de uma investigação rigorosa e imparcial.
As prisões dos irmãos Brazão e de Rivaldo Barbosa são apenas o desdobramento mais recente dessa investigação em andamento. O desfecho do caso depende agora do desdobramento das investigações e do processo legal que se seguirá. A defesa dos acusados nega qualquer envolvimento nos crimes e ressalta a importância de se garantir a presunção de inocência até que se prove o contrário.
Com as novas prisões e revelações da investigação, espera-se que mais luz seja lançada sobre esse trágico episódio e que a justiça seja feita para Marielle Franco, Anderson Gomes e suas famílias.
Ronnie Lessa revelou em sua delação à PF que o motivo do crime estava relacionado
Os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão foram detidos sob suspeita de serem os mandantes do assassinato de Marielle em março de 2018.
O ex-policial militar Ronnie Lessa, preso acusado de executar a vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, revelou em sua delação à Polícia Federal que o motivo do crime estava relacionado à atuação da vereadora em comunidades da Zona Oeste do Rio de Janeiro, majoritariamente dominadas por milícias, onde se concentra parte relevante da base eleitoral da família Brazão.
No domingo (24), os irmãos Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Rio de Janeiro, e Chiquinho Brazão, deputado federal pela União-RJ, foram detidos sob suspeita de serem os mandantes do assassinato de Marielle, ocorrido em março de 2018. Domingos alega inocência, enquanto a defesa de Chiquinho ainda não se manifestou até o momento.
Além dos irmãos Brazão, também foi preso o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do RJ, que segundo investigações teria colaborado com o clã Brazão na concepção do crime, prometendo impunidade aos mandantes. Entretanto, o delegado nega as acusações, com seu advogado, Alexandre Dumas, asseverando que seu cliente não obstruiu as investigações.
Prisões dos irmãos Brazão marcam um momento crucial nas investigações
A trajetória política dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão entra em conflito com a defesa de Marielle pela destinação de terras.
Os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão possuem uma longa trajetória política no estado, com histórico de atuação na Zona Oeste do Rio, área historicamente controlada pela milícia. A investigação policial indica que Marielle se opunha aos interesses dos Brazão no que tange à exploração de áreas de milícia para fins comerciais, defendendo, ao invés disso, a destinação dessas terras para moradia popular.
Segundo relatórios das autoridades, a vereadora Marielle Franco teria solicitado à população que não participasse de novos loteamentos em áreas dominadas por milícias, posicionamento divergente do grupo político dos Brazão, que buscava regularizar essas terras para exploração econômica. A Procuradoria-Geral da República (PGR), citada por Alexandre de Moraes na ordem de prisão dos suspeitos, ressaltou que a atuação política de Marielle acabou prejudicando os interesses dos irmãos Brazão nesse contexto.
A investigação aponta que os Brazão desejavam a rápida regularização de áreas em bairros como Jacarepaguá, Osvaldo Cruz e Rio das Pedras, sob controle das milícias que eles supostamente comandavam. A delação de Ronnie Lessa destaca que a vereadora Marielle Franco representava um obstáculo aos interesses dos Brazão, especialmente em suas ações junto às comunidades de Jacarepaguá.
Relatório da PF revela que Lessa apontou o período entre o segundo semestre de 2017
Marielle Franco se posicionou contra o PLC 174, argumentando que não atendia áreas carentes da cidade, irritando Chiquinho Brazão.
O relatório da PF ainda revela que o ex-policial Lessa apontou o período entre o segundo semestre de 2017 e a apertada votação do Projeto de Lei Complementar n.º 174/2016 como momentos críticos que podem ter culminado na execução de Marielle. Esse projeto, de autoria de Chiquinho Brazão, visava legalizar construções irregulares em áreas de interesse da milícia na Zona Oeste do Rio.
Marielle Franco se opôs ao PLC 174, votando contra em ambas as ocasiões em que foi apresentado. Segundo um ex-assessor da vereadora, ela argumentou que o projeto não atendia às áreas carentes da cidade, posição que causou irritação em Chiquinho Brazão, conforme testemunhos colhidos durante a investigação.
A trajetória do projeto culminou em sua aprovação definitiva pela Câmara Municipal do Rio, mas posteriormente foi vetado pelo então prefeito Marcelo Crivella e, em 2019, foi considerado inconstitucional pela Justiça, perdendo sua validade.
Portanto, a prisão dos irmãos Brazão e do ex-chefe da Polícia Civil do RJ, Rivaldo Barbosa, marca um avanço nas investigações sobre o assassinato de Marielle Franco, apontando para a motivação do crime relacionada aos interesses políticos e econômicos ligados à exploração de terras em áreas de milícia na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Íntegra do relatório final da PF
Íntegra da decisão do ministro
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