23/04/24 - 10:18 | Atualizado em 23/04/24 - 10:18
A crescente adoção da biometria facial pelos bancos brasileiros, conforme revelado pela pesquisa da Deloitte, destaca-se como uma tendência significativa no setor financeiro. Essa tecnologia, presente em 70% das instituições, levanta preocupações sobre a privacidade dos clientes, exigindo práticas transparentes e éticas por parte dos bancos. A colaboração entre reguladores, instituições financeiras e consumidores torna-se crucial para garantir a segurança e a confiabilidade desse sistema.
Pesquisa conduzida pela Deloitte Consultoria como parte da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2024 revelou um cenário marcado pela ampla adoção da biometria facial entre os bancos brasileiros. Esse estudo abrangente, realizado entre novembro de 2023 e março deste ano, contou com a participação de 24 bancos, representando uma significativa parcela, cerca de 81%, do mercado bancário nacional. Além disso, entrevistas com 27 executivos do setor proporcionaram insights valiosos sobre as tendências tecnológicas em curso.
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A pesquisa constatou que sete em cada dez bancos no Brasil, totalizando 75% das instituições financeiras, estão atualmente empregando a biometria facial como uma medida de identificação de seus clientes. Esse número expressivo demonstra a crescente confiança das instituições financeiras nessa tecnologia de reconhecimento biométrico.
Ao lado da biometria facial, outras tecnologias emergentes têm ganhado destaque nas operações bancárias. O chatbot, por exemplo, uma ferramenta que simula conversas para esclarecer dúvidas e orientar os correntistas, está presente em 71% dos bancos. Além disso, a Automatização de Processos Robóticos (RPA), que automatiza tarefas repetitivas, foi adotada por 67% das instituições, enquanto a Inteligência Artificial (IA) Generativa está presente em 54% delas.
Integração da Inteligência Cognitiva em 25% dos bancos demonstra avanços
A preocupação com a privacidade dos clientes aumenta diante da implementação generalizada da biometria facial.
A Inteligência Cognitiva, que replica o comportamento humano para solucionar problemas, foi incorporada por 25% dos bancos. Destaca-se ainda que mais da metade das instituições financeiras, precisamente 54%, já integrou a IA em suas operações. Essas estatísticas refletem a crescente digitalização do setor bancário e a busca por soluções tecnológicas inovadoras para melhorar a experiência do cliente e otimizar processos internos.
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Contudo, a implementação generalizada da biometria facial suscita preocupações quanto à proteção dos dados pessoais dos clientes. O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) tem alertado para os potenciais riscos à privacidade e à segurança dos dados decorrentes do uso indiscriminado dessa tecnologia. Em entrevista à Agência Brasil, Lucas Marcon, advogado do Programa de Telecomunicações e Direitos Digitais do Idec, ressaltou que a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) estabelece diretrizes claras sobre a coleta e o tratamento de dados biométricos.
Marcon salientou: “Os bancos precisam permitir que o cliente escolha qual medida de segurança prefere, conforme os termos da LGPD”. Ele destacou a importância de oferecer alternativas menos invasivas à biometria facial e enfatizou: “A pessoa não pode ser obrigada a fornecer um dado que não é essencial para a prestação daquele serviço”. O advogado também alertou para os riscos de vazamento e compartilhamento indevido de dados biométricos, enfatizando a necessidade de medidas rigorosas para garantir a segurança e a privacidade dos clientes.
Bancos adotarão práticas transparentes na implementação da biometria facial
A pesquisa da Deloitte destaca as prioridades dos bancos, incluindo experiência do cliente, inovações tecnológicas e segurança cibernética.
Diante dessas preocupações, é crucial que os bancos adotem práticas transparentes e éticas no uso da biometria facial. Os clientes devem ser devidamente informados sobre como seus dados estão sendo coletados, armazenados e utilizados, além de serem oferecidas opções de segurança que respeitem sua privacidade. Nesse contexto, a atuação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) torna-se fundamental para fiscalizar o cumprimento da legislação e garantir a proteção dos direitos dos consumidores.
A pesquisa da Deloitte destaca ainda as prioridades dos bancos para os próximos anos, com ênfase na experiência do cliente, inovações tecnológicas, personalização de produtos e serviços, segurança cibernética, responsabilidade social e sustentabilidade. Essas áreas refletem o compromisso das instituições financeiras em oferecer serviços de qualidade, ao mesmo tempo em que atendem às demandas crescentes por segurança e privacidade.
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A implementação da biometria facial nos bancos brasileiros representa um avanço significativo em termos de segurança e praticidade. No entanto, é essencial que essa tecnologia seja utilizada de forma responsável e transparente, garantindo a proteção dos dados pessoais dos clientes e o respeito aos seus direitos. A colaboração entre bancos, reguladores e consumidores é fundamental para construir um ambiente bancário seguro e confiável para todos.
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